Você sabia que existem diversas formas de treino cognitivo para pessoas idosas? Essas abordagens podem variar de indivíduo para indivíduo. Pesquisadores como Santos e Mendoza (2017) em análise de um conjunto de estudos com ênfase em pessoas idosas, apontam a eficácia de determinados treinos sobre a plasticidade cerebral no processo de envelhecimento. Nesse sentido, conforme os autores citam, acredita-se que as intervenções cognitivas melhoram ou pelo menos ajudam a preservar as funções cognitivas.
Em uma sociedade que reconhece a importância do envelhecimento ativo, a busca pelos melhores tipos de treino cognitivo para pessoas idosas surge como uma importante estratégia para a manutenção da qualidade de vida. Nesse cenário, a diversidade de abordagens sinaliza não apenas uma resposta à singularidade de cada indivíduo, mas também chama a atenção para a complexidade e resiliência do envelhecimento humano.
Existem algumas modalidades de estímulo consideradas eficazes para a cognição de pessoas idosas, são elas: estimulação cognitiva, treino cognitivo e reabilitação cognitiva. A primeira envolve a aplicação de tarefas repetitivas e padronizadas, a segunda permite o avanço e tem enfoque principalmente na potencialização dos efeitos da intervenção e por último, a reabilitação cognitiva é direcionada ao atendimento particular, onde as dificuldades individuais são trabalhadas.
Dado as mudanças inerentes ao processo de envelhecimento, as pessoas idosas são particularmente mais propensas a realizar algum tipo de intervenção cognitiva, pois algumas funções apresentam um declínio cognitivo natural na fase da velhice. Nesse sentido, atualmente é um desafio diferenciar com precisão o declínio natural com o patológico, pois essa linha muitas vezes é específica de pessoa para pessoa, o que se sabe é que mesmo em um contexto de mudanças do desempenho cognitivo o treino, poderá otimizar habilidades mentais, fortalecendo assim a reserva cognitiva, assim como compensando dificuldades cognitivas mais comum entre pessoas idosas, sejam elas saudáveis ou com comprometimento cognitivo leve por exemplo.
No universo dos jogos de lógica, como palavras cruzadas e sudoku, encontramos não apenas desafios intelectuais, mas também uma forma de entretenimento. Essas atividades, muitas vezes encaradas como passatempos, são pontes para a plasticidade cerebral e a manutenção de habilidades cognitivas ao longo do tempo.
Além dos jogos físicos citados acima, existem os programas com atividades computadorizadas que facilitam a sua realização. Pensando nisso, algumas atividades podem ser desempenhadas na residência dos participantes em que ocorre a intervenção. Nesse sentido, a integração tecnológica com os aplicativos e jogos específicos tornam-se veículos não apenas de desafios virtuais, mas também de conexões intergeracionais e adaptação a um ambiente em constante evolução.
O treino de memória, com suas múltiplas aplicações, convida à reflexão sobre a essência da retenção e recuperação de informações. Ao desvendar desde sequências específicas até jogos de correspondência, questionamo-nos sobre como essas práticas podem não apenas fortalecer a memória, mas também preservar narrativas e experiências de vida. Também, outras práticas como a exploração sensorial podem resgatar a importância da experiência física e emocional na construção do conhecimento.
Ao personalizar e diversificar as atividades de treino cognitivo, é possível criar uma abordagem abrangente que atenda às necessidades individuais da população idosa. Além disso, as práticas cognitivas não apenas proporcionam benefícios para o cérebro, mas também podem contribuir para um envelhecimento saudável e ativo.
Referências consultadas:
ARGIMON, Irani I. de Lima. Aspectos cognitivos em idosos. Avaliação Psicológica, Porto Alegre, v. 5, n. 2, p. 243-245, dez. 2006. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712006000200015. Acesso em: 26 jan. 2024.
BRUM, Paula Schimidt; TAVARES, Patrícia do Nascimento; YASSUDA, Mônica. Intervenções Cognitivas para Idosos. In: FREITAS, Elizabete Viana de; PY, Ligia (ed.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Cap. 137. p. 2275-2288.
SANTOS, Mariana Teles; FLORES-MENDOZA, Carmen. Treino Cognitivo para Idosos: uma revisão sistemática dos estudos nacionais. Psico-Usf, [S.L.], v. 22, n. 2, p. 337-349, maio 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusf/a/smWJcggM9HDv5Nnw3JNnqZx/. Acesso em: 26 jan. 2024.
Texto escrito por:
Ana Paula Bagli Moreira – Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP). Bacharela em Gerontologia pela USP, com extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca, México. Assessora científica do projeto de pesquisa de validação do Método SUPERA.
Laydiane Alves Costa – Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-graduanda em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo (GETEC). Assessora científica do projeto de pesquisa de validação do Método SUPERA.
Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva. Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
Texto original enviado pela Dra. Thais Bento Lima da Silva
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