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Amor e sexo não têm idade: explorar o prazer é parte de uma rotina de envelhecimento saudável

Ainda no mês dos namorados, campanha dos Direitos Humanos quer combater o preconceito com relação à vivência sexual e amorosa plena de pessoas idosas

Exercitar a aceitação do envelhecimento, alertar e conscientizar para os diversos tipos de violências praticadas contra pessoas idosas e respeitar a forma como cada indivíduo vivencia essa realidade no dia a dia são os principais objetivos do Junho Violeta, campanha do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). A pasta propõe que a sociedade reflita e se permita derrubar tabus que envolvem a sexualidade e o afeto entre pessoas idosas.

Sobre o tema, o secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, aponta alguns desafios. Além da aceitação das mudanças físicas e fisiológicas nessa fase mais madura da vida, de acordo com ele, a troca de afeto e o cultivo do amor romântico exige dos indivíduos sabedoria para equilibrar um relacionamento com demandas do cotidiano acontecendo simultaneamente: cuidados com filhos, netos e bisnetos, autocuidado, planejamento financeiro, crescimento pessoal e tempo de qualidade com familiares e amigos.

Ainda assim, segundo o gestor “o amor é, sem dúvida, um dos maiores sentimentos que um ser humano pode sentir e que envolve cuidado, dedicação e entrega”. Datas comemorativas, como o Dia dos Namorados, têm cada vez mais exaltado a representatividade da beleza da diversidade de casais. E, para que seja possível manter relacionamentos afetivos, durante o envelhecimento, é fundamental cultivar o diálogo.

Relatório Mundial sobre o Idadismo, publicado em 2022 pela Organização Pan-Americana da Saúde, indica que o preconceito baseado na idade da pessoa impacta negativamente na qualidade de vida de quem tem 60 anos ou mais. O documento enfatiza que essa descriminalização “aumenta o isolamento social e a solidão, restringe a capacidade de expressar a sexualidade e pode aumentar o risco de violência e abuso contra as pessoas idosas”.

Opinião da especialista

Sandra Portela Rezende, ginecologista e terapeuta sexual, reforça que a sexualidade é parte integrante e indissociável de uma vida saudável. Para ela, o ideal é que pessoas idosas se sintam desejadas, amadas e explorem, sem tabus, o prazer. “Se a pessoa já vem com uma bagagem repressora, quando ela chega numa idade mais avançada, ela tem mais dificuldade de se expressar. Mas se ela consegue ter uma vida sexual tranquila e ativa, ela consegue manter a sexualidade durante o envelhecimento. É preciso tirar estes tabus e não ter vergonha”, recomendou.

A especialista explicou que, do ponto de vista biológico, o ser humano é capaz de gerar respostas sexuais a vida toda, desde que cultive a qualidade de vida, mantenha uma rotina saudável de cuidados com o corpo e a mente. Sandra Rezende orienta que os casais consultem, com regularidade, profissionais da medicina para acompanhamento e prescrição, se necessário, de produtos que possam auxiliar no prazer. A médica alerta ainda para a importância de priorizar o autocuidado, para que a troca de afeto seja respeitosa e contribua para a manutenção da qualidade de vida dos indivíduos.

É dessa forma que o publicitário aposentado Márcio Cavalcante, de 69 anos, tem vivenciado um relacionamento de oito anos com sua companheira de 44 anos. Na experiência dele, a sexualidade precisa ser encarada como fundamental para a saúde, para o bom humor e o bem-estar não só individual, mas também do casal. “É importante ter uma vida sexual plena. Se vive melhor, desde que se tenha reciprocidade”, disse. Segundo Márcio, as relações sexuais e amorosas tem potencial para proporcionar uma sensação de rejuvenescimento. “A nossa geração tem mais é que acabar com tabus que são impostos pela sociedade e ser feliz”, conclamou o aposentado.

Campanha

A mobilização do ministério pelo Junho Violeta ocorre durante todo o mês, em alusão ao dia 15 de junho, data em que é lembrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa – instituído pela Organização das Nações Unidas, em 2011, com o propósito de conscientizar a sociedade sobre a violência contra a pessoa idosa. Além de ações como reportagens especiais, videomanifesto e disseminação de conteúdos nas redes sociais do MDHC, a campanha contará com evento em alusão à data no próximo dia 18 de junho, com transmissão ao vivo pelo canal no YouTube @mdhcbrasil.

Acesse a página especial da campanha 

Texto: C.M.

Edição: B.N.

Revisão: A.O.

Artigo original: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2024/junho/amor-e-sexo-nao-tem-idade-explorar-o-prazer-e-parte-de-uma-rotina-de-envelhecimento-saudavel

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