Trabalho 60+ NEWS (4)

Side hustle com estratégia: como o profissional 50+ escolhe, valida e cresce com consciência

por Cris Sabbag, M.Sc

Sócia e Pesquisadora na Talento Sênior | Palestrante e especialista em Etarismo e Gerações | Colunista da revista HSM Management | Talent as a Service – TaaS

Este é o quarto artigo da série “Trabalhabilidade e Side Hustles”. Já discutimos os riscos da precarização romantizada (Artigo 1), analisamos o modelo norte-americano (Artigo 2) e exploramos a revolução prateada do Reino Unido (Artigo 3). Agora, vamos ao ponto mais importante: como fazer escolhas reais e sustentáveis — que respeitem a trajetória do profissional 50+ sem cair na armadilha da renda ilusória ou da superexigência emocional.


“Não é só sobre fazer bolo ou dar aula: side hustle também é estratégia.”

Quando se fala em side hustle, o imaginário coletivo ainda oscila entre dois extremos:

  • o romantismo do empreendedorismo criativo (“vou vender brigadeiro gourmet”),
  • e a lógica agressiva da monetização digital (“vou viver de marketing de afiliados nas redes sociais”).

Ambos os caminhos são possíveis. Mas nem sempre sustentáveis — especialmente para quem passou dos 50, carrega uma trajetória cheia de camadas e, muitas vezes, responsabilidades que não permitem apostas vazias.

Neste artigo, trago o que poucos dizem: o melhor side hustle para um profissional maduro não é aquele que dá mais dinheiro, mas o que combina três elementos cruciais: 📍 viabilidade real 📍 adequação emocional 📍 capacidade de escala com segurança

📊 O que os dados nos dizem sobre tipos de side hustles por faixa etária

Segundo o Side Hustle Nation (2025):

  • 24% dos boomers (59–77 anos) têm side hustles;
  • Essa é a faixa etária com maior rendimento médio mensal (entre US$ 441 e US$ 561);
  • Os tipos mais praticados entre os 50+ são: consultoria sob demanda, e-commerce artesanal, prestação de serviços presenciais (aulas, cuidadoria, apoio administrativo, cursos e mentorias.

O relatório da Standout CV (Reino Unido, 2025) reforça:

  • Profissionais 60+ empreendem mais em: produção artesanal (23%), serviços locais, ensino e consultoria especializada

Já os profissionais mais jovens (Gen Z e Millennials) concentram-se em: criação de conteúdo digital, marketing de afiliados e trading de cripto ou dropshipping

Ou seja: não é uma questão de capacidade técnica — é uma questão de trajetória, perfil e posicionamento de valor.

🧭 As 5 grandes categorias de side hustles (e seus prós e contras para 50+)

1. Consultoria sob demanda onde Você é o produto! Exemplos: planejamento estratégico, ESG, tecnologia, educação corporativa. Quais os prós: alto valor agregado, reputação conta muito, escalável com redes certas. Contras: exige presença no LinkedIn e portfólio bem posicionado

2. Serviços presenciais ou híbridos Você entrega, literalmente. Exemplos: aulas, cuidadoria, apoio a pequenos negócios, consultoria local. Quais os prós: baixo custo de entrada, alta demanda imediata ✖ Contras: limitação de escala, esforço físico, risco de esgotamento

3. E-commerce artesanal e produção própria O fazer com as mãos e o cuidar com o tempo. Exemplos: saboaria, costura criativa, gastronomia, presentes personalizados. Prós: autenticidade e identidade de marca. Contras: logística, margem apertada, dependência de divulgação online.

4. Educação e mentorias Você compartilha sua jornada com quem está começando. Exemplos: mentorias de carreira, formações baseadas em experiência. Prós: construção de autoridade, flexibilidade, monetização do repertório. Contras: exige didática, curadoria e estratégia de conteúdo

5. Conteúdo digital e presença online Você se transforma em referência. Exemplos: canal no YouTube, podcast, cursos gravados, newsletters. Prós: escalável, possibilidade de monetização passiva ✖ Contras: curva de aprendizado digital, concorrência com nativos digitais

🔍 Como escolher o seu caminho com consciência

A escolha ideal passa por uma pergunta simples, porém profunda:

“O que minha experiência resolve hoje no mundo — de forma que eu consiga ser paga por isso e não me exaurir emocionalmente?”

Para isso, proponho um tripé decisório que equilibra lógica e cuidado:

1. Viabilidade objetiva

  • Tenho tempo real para isso?
  • Há público pagante?
  • A precificação cobre meu esforço?

2. Adequação emocional

  • Isso me energiza ou me desgasta?
  • Consigo sustentar esse ritmo por 6 meses?
  • Isso tem a ver com o legado que quero deixar?

3. Escalabilidade proporcional

  • Se der certo, consigo crescer sem me sabotar?
  • É possível transformar essa entrega em algo menos dependente de mim?

Se a resposta for “sim” para duas ou mais áreas desse tripé, você tem um ponto de partida promissor.


✊ Trabalhabilidade não é grito de guerra — é desenho de caminho

Os profissionais 50+ estão cansados de serem empurrados para “se virar”. Side hustle não pode ser castigo. Nem ilusão. Tem que ser arquitetura.

Como tenho dito em toda minha pesquisa e atuação:

O que falta não é força de vontade — é clareza, curadoria e caminho.

Um plano estruturado que diga: “Você não está atrasado. Você está num novo capítulo. Mas ele precisa de roteiro.”

E esse roteiro começa com:

  • nomear o que já fazemos,
  • transformar habilidade em valor percebido,
  • e criar espaços seguros para testar, validar e crescer.

Se você acompanhou os quatro artigos da série, já percebeu:

✔ O side hustle é real — mas não pode ser aleatório. ✔ A maturidade tem valor — mas precisa ser posicionada. ✔ Reinvenção exige estratégia — não improviso.

🔎 Agora é hora de agir com intenção. Se quiser apoio para redesenhar seu portfólio, repensar sua oferta ou iniciar com mais clareza, acompanhe meus conteúdos sobre reposicionamento 50+.

📚 Referências:

  • Side Hustle Nation (2025). Side Hustle Statistics by Generation
  • Whop (2025). Side Hustle Income by Age Group
  • StandoutCV (2025). Side Hustles in the UK by Age
  • The Guardian (2025). Older entrepreneurs are reshaping the economy

Artigo original: https://www.linkedin.com/pulse/side-hustle-com-estrat%C3%A9gia-como-o-profissional-50-e-sabbag-m-sc-si9cf/

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