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Quem lê livros regularmente tem mais chances de viver mais, diz pesquisa

por Viriato Moura

Cientistas confirmam a relação entre leitura de livros e maior expectativa de vida.

A revista Social Science and Medicine publicou o resultado de uma pesquisa coordenada pela Universidade de Yale, dos Estados Unidos, denominada “Um capítulo por dia”. O estudo analisou 3.635 pessoas com mais de 50 anos, durante 12 anos, sobre seus hábitos de leitura. Os pesquisados foram divididos em três grupos: os que não tinham o hábito de ler, os que liam até 30 minutos por dia e os que liam mais que esse tempo.

A pesquisa concluiu que o grupo intermediário, o de leitores ocasionais, apresentou 17% mais tempo de vida que aqueles que nada liam. Esse percentual comparativo de longevidade chegou a 23% entre os leitores vorazes de obras literárias. Ao comparar esses dados com as análises do The University of Michigan Health and Retirement Study, que estudou os fatores que influenciam na saúde de pessoas na mesma faixa etária, os cientistas confirmaram que, em geral, quem lê livros regularmente tem mais chances de viver mais.

A leitura habitual envolve processos cognitivos que melhoram a inteligência emocional, a empatia, a percepção social, a capacidade imaginativa, a concentração — a leitura é nossa maior fonte de conhecimentos. Quando lemos, estimulamos nosso córtex cerebral, que está ligado aos pensamentos, memória e consciência, o que reforma e fortalece as funções cognitivas mais complexas do cérebro.

Entretanto, não é apenas o tempo que conta para que a leitura traga todos os seus benefícios, mormente o relacionado à longevidade. É preciso ler com atenção e refletir sobre o que se está lendo. A investigação em questão também dá ênfase à leitura de livros, posto que ler textos simples, com conteúdos pouco significativos não estimula uma atividade cerebral consistente.

O número de leitores brasileiros não é o desejável e denota estar diminuindo. A conclusão publicada na 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-livro (IPL), Itaú Cultural e Ibope Inteligência, com dados de 2019, revela uma queda de 4,6 milhões de leitores, entre 2015 e 2019 – esse estudo considera leitor toda pessoa que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro nos últimos 3 meses que antecederam sua participação na citada verificação.

Importa destacar que, entre leitores, há os analfabetos funcionais, ou seja, aqueles que reconhecem letras e números, mas não conseguem compreender textos nem realizar algumas operações matemáticas simples. No Brasil, 1/3 das pessoas se enquadra nessa categoria. Essa grave deficiência intelectual atesta a lamentável precariedade do nosso sistema educacional, que há muito tempo precisa de melhorias estruturais vultosas.

Aos tantos benefícios da leitura, o acréscimo de mais esse literalmente vital é mais um estímulo à sua prática. Impõe-se enfatizar, todavia, que a capacidade de o leitor discernir sobre o melhor que a leitura lhe pode oferecer – condição que adquirida também pela leitura – definirá o nível desses benefícios e suas repercussões individuais e sociais.

* Viriato Moura – Médico especialista em ortopedia, medicina do trabalho e medicina do esporte; membro da Academia de Letras de Rondônia (autor de 10 livros em prosa, verso – um deles sobre a história da medicina em Rondônia), jornalista, comunicador de rádio e televisão, artista visual e colaborador assíduo dos sites Gente de Opinião, Debates Culturais (Rio) e Escolas Médicas (SP).

Fonte: Gente de Opinião

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