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Envelhecer a rir: “Temos a sorte de ter chegado a esta idade”

Osvaldo Macedo de Sousa é o autor de um novo livro lançado com a Associação Coração Amarelo, em que cartoonistas de todo o mundo refletem, através de palavras e ilustrações, sobre os desafios que traz o avanço da idade. “É ver o lado positivo”, afirma.

por Sofia Correia Baptista, Jornalista, para expresso.pt

Dois homens de idade já avançada sentados a jogar às cartas e, ao mesmo tempo, a lançar os respetivos comprimidos para a mesa. Um exemplo de como é possível encontrar “o lado humorístico das coisas”, diz Osvaldo Macedo de Sousa, autor de “Em Velho Ser com Humoristas”, sobre uma das várias ilustrações que se encontram no livro lançado nesta segunda-feira em parceria com a Associação Coração Amarelo.

Depois de contactar “cerca de 300” cartoonistas de todo o mundo, o historiador e investigador especializado em humor gráfico e caricatura reuniu os contributos de artistas de 24 países, juntando diferentes perspetivas sobre o confronto com o avanço da idade e os desafios associados ao envelhecimento. Além da “grande maioria” que não respondeu, “muitos disseram que não queriam falar, queriam esquecer”, contou Osvaldo Macedo de Sousa na apresentação que decorreu num hotel em Lisboa.

Mas, para o autor nascido no Porto em 1954, há outra forma de encarar a longevidade. “Temos a sorte de ter chegado a esta idade”, destaca. Por isso é que, ao olhar ao espelho de manhã e encontrando mais uma ruga, a encara como sinónimo de “mais sapiência”. “É ver o lado positivo. Viver a vida com otimismo, desfrutar dos minutos e dos segundos.”

Além disso, o sorriso “é das melhores coisas como exercício facial” e o riso é “ginástica para o corpo”. “Um quarto de hora a rir e está-se a fazer aeróbica, a trabalhar pulmões, estômago. Há todo um movimento que dá satisfação e bem-estar”, realça. O humor tem benefícios terapêuticos em pessoas saudáveis e também com patologia, como diabetes tipo 2, conforme já explicou ao Expresso o médico e humorista Carlos Vidal.

O livro, que resulta do facto de Osvaldo Macedo de Sousa estar “sempre a tentar criar” algo, tem também uma inspiração. “Dediquei este livro à minha mãe, que tem 92 anos e continua a sorrir, continua imparável, não se deixa abater. Tem sido um exemplo para mim.”

Dirigindo-se a uma plateia em parte composta por voluntários da Coração Amarelo, o autor sugeriu a ideia de “guardar os testemunhos” partilhados por idosos, com histórias de vida únicas. A associação, que comemora 24 anos de vida, procura minimizar o isolamento de pessoas mais velhas, nomeadamente através de visitas a casa, no hospital ou em lares.

Com 800 voluntários distribuídos por onze delegações a nível nacional, o objetivo é contribuir para “melhorar a qualidade de vida e a autonomia” e “promover a socialização e a intergeracionalidade”, referiu a fundadora e presidente da direção, Rosa Araújo, para quem o humor “ajuda a olhar o envelhecimento com maior abertura”.

Artigo original: https://expresso.pt/longevidade/2024-05-21-envelhecer-a-rir-temos-a-sorte-de-ter-chegado-a-esta-idade-bd9d8e73

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