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Quanto custa permanecer em casa quando se necessita de maiores cuidados?

por Maria Luisa Trindade Bestetti para Portal do Envelhecimento

Permanecer em casa quando se precisa de maiores cuidados resulta em custos.

O conceito de Aging in Place, envelhecer onde haja familiaridade com a comunidade e o espaço físico, sugere que a permanência na casa será o caminho para o bem-estar e a qualidade de vida na velhice. Quanto às questões sociais e emocionais não haveria dúvidas, exceto quando essa opção se mostra um desafio para o equilíbrio financeiro do morador.

À medida em que a conta deixa de fechar porque despesas com o cuidado passam a ser imprescindíveis, o problema compromete o bem-estar, afetando a saúde mental e o futuro destas pessoas idosas. A repórter aposentada Jessica Hall conhece de perto essa questão no contexto norte americano. Na reportagem Most people want to age in place — but that goal is out of reach for almost everyone, ela relata que:

A grande maioria dos adultos quer viver a sua vida em casa, mas os objetivos de envelhecimento no local exigem planejamento, ajuda e dinheiro para equilibrar os pesados custos da habitação e dos cuidados de longa duração. (…) O apoio pode variar desde assistência nas atividades da vida diária, como vestir-se e tomar banho, até cuidados mais avançados para alguém com demência ou doença de Alzheimer. 

Enquanto os cuidados são resolvidos por familiares, tais como apoio em manutenção e abastecimento, não há grandes problemas. Mas à medida que se manifestam dificuldades para cozinhar, manter os hábitos de higiene e sair de casa com independência, o suporte passa a custar mais em função da entrada de terceiros nas rotinas desses moradores.

À medida que a população envelhece, mais idosos terão dificuldade em pagar a casa da sua escolha ou os cuidados de que necessitam. (…) Habitações acessíveis para residentes mais velhos e pessoas com deficiência também são escassas, tornando mais difícil envelhecer no local.

A moradia pode exigir ajustes para garantir acessibilidade irrestrita e algumas vezes pode conter ambientes ociosos, mas que necessitam manutenção e envolvem custos de reforma. Financiamentos ou hipotecas apenas postergam o problema e não o solucionam, aumentando o custo final.

Embora alguns adultos mais velhos tenham uma casa própria que possam utilizar para pagar cuidados ou serviços, muitos não o fazem. (…) Enquanto isso, mais idosos têm hipotecas agora. (…) No entanto, com uma hipoteca, o idoso fica sobrecarregado com dívidas mais tarde na vida, numa altura em que o seu rendimento pode ser limitado…

Permanecer em casa quando há a necessidade de cuidados nas atividades da vida diária resulta em soma de custos, que poderiam ser minimizados se houvesse a atenção prévia sobre equacionar esses fatores com antecedência. Seja desapegando do lugar original para adotar outro mais adequado em custo e tamanho, seja adotando uma hipoteca reversa para manter o imóvel em boas condições e, claro, adotando a solução de cuidados proporcional ao orçamento disponível, sempre haverá uma solução, prevenindo-se a tempo.

 

Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: maria.luisa@usp.br

 

Artigo original: https://portaldoenvelhecimento.com.br/quanto-custa-permanecer-em-casa-quando-se-necessita-de-maiores-cuidados/

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