O colunista Renato Bernhoeft escreve sobre a importância do aprendizado contínuo para não se tornar obsoleto ao longo da vida
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Renato BernhoeftPor outro lado, várias pesquisas já mostram o surgimento de um mercado crescente representado pelo que tem sido caracterizado como a geração 50+. Inclusive, durante a pandemia, a renda das pessoas idosas representou a principal fonte de sobrevivência para muitas famílias de diferentes grupos sociais, já que diversos jovens e pessoas na meia-idade perderam o emprego.
Hoje, o mercado já começa a oferecer produtos e serviços para essa população. No entanto, isso acontece ainda de forma incipiente, até porque faltam pesquisas confiáveis sobre o perfil dos idosos e, mais ainda, carecemos de mão de obra especializada.
É preciso lembrar que a necessidade desta população não se restringe ao lazer, ao preenchimento do tempo e a outras formas de entretenimento. Os avanços da tecnologia por si só já representam uma área importante em que os mais velhos necessitam atualização permanente. Sem falar em sistemas educacionais com demandas a serem atendidas, tanto no campo formal acadêmico, como no conhecimento em toda a sua amplitude.
Sem dúvida, o mercado de cuidadores de idosos tem crescido, mas ainda exige muito preparo dos profissionais, tanto no campo da saúde como das questões emocionais e mentais, que também afetam este universo populacional.
Entretanto, um comentário que desejo acrescentar a esta coluna se refere ao despreparo das pessoas idosas para esta fase de vida. Ao olharmos a um passado não necessariamente muito distante, vemos que as preocupações estavam muito centradas na infância, adolescência, fase adulta e na estrutura familiar, e pouco se falava sobre a importância do preparo para o envelhecimento como uma das tantas etapas da vida.
Nesse sentido, vale mencionar que este aprendizado não está restrito ao papel profissional, onde a obsolescência atropelou muitas figuras, especialmente as masculinas, que sempre deram forte prioridade à carreira e o sobrenome corporativo. As mudanças devem ser tratadas com foco nos outros papéis que vivemos: vida conjugal, familiar, social, educacional, recreacional e espiritual.
Minha experiência em coordenar programas de preparo para a aposentadoria demonstrou que as figuras femininas estavam muito mais preparadas que os homens, pois enquanto eles priorizavam seu papel profissional e a carreira, descuidando de suas demais funções, as mulheres, mesmo as que entraram no mercado corporativo, continuavam atendendo às suas outras demandas.
Uma pesquisa da consultoria Bain & Company, que incluiu o Brasil, mostrou um crescimento da presença no mercado da população acima de 45 anos.
Segundo o levantamento, publicado pelo Valor, funcionários com mais de 45 anos de idade eram 24% do total de trabalhadores em 2001. Em 2021, vinte anos depois, essa parcela representava 32% da força de trabalho. Ainda segundo a pesquisa, do ponto de vista global, aproximadamente 150 milhões de empregos devem ser transferidos para trabalhadores com 55 anos ou mais, até o final da década.
Esses dados não apenas demandam preparo das pessoas idosas para se manterem atualizadas e participando do mercado mas, acima de tudo, são um alerta para os que estão hoje na meia-idade para que eles se preparem para as transformações que a vida vai exigir a cada dia. Assim, é preciso ter em mente que o processo de aprendizagem não é mais apenas uma etapa da vida, mas algo permanente.
Renato Bernhoeft é fundador e presidente do conselho da höft consultoria.
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